Epitáfio
For old times sake
Foi no fim de 2003, novembro provavelmente, numa quinta feria se não me engano. Meus calçados vermlhos combinavam com a gravata e os cabelos. Eu não me lembraria disso náo fosse uma foto. Realidade é que pouca coisa me lembro daquele momento que supostamente era tão solene.
Mas uma coisa eu me lembro, como poucas outras: O discurso do professor de matemática. Ele se levantou e pediu desculpas para recitar uma música dos titãs, cujo nome entitula este post. E ele foi:
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Devia ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Eu estava pra me indispor quando ele conseguiu multiplicar tudo por -1. Pra quem não sabe, epitáfio é aquilo que se escreve na pedra tumular de uma pessoa. Nenhuma pessoa minimamente esperta pode coibir com tamanha idiotisse: levar tantas infelicidade e aflições até o túmulo?
Não. Não quero viver lamentando aquilo que fiz errado. Fiz o que pude, o quanto pude, ou o quanto parecia certo. O passado sustenta o presente e fundamenta o futuro. Mas viver lamentando-se é a fadar-se a eterna derrota.
O crítico leitor há de achar que se trata de auto-ajuda. Pode ser, mas é a única que já levei (e levo) a sério.
Por que falo de tudo isso?
Porque mesmo que este portulano esteja pela hora da morte, há muito queria mudar sua cara. E não ia me permtir fecha-lo, sem ter feito isso.
maio 17, 2005
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