maio 18, 2007

Temporada de Comunistas
Caça?

Diálogo de futuros gentlemen exaltados:
- Quem, aos 13 anos, não é comunista, não tem coração!
- E quem continua a sê-lo após os 20 não tem cérebro!

Primeiro a parte dos 13.
A constituição federal de 1988 tem, no seu artigo quarto, estabelecendo como lei um salário minimo capaz de prover moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Seu valor atual é de R$380,00. Não precisava lembrar que ainda irão incidir sobre esse valor uma série de impostos, pra achar esse valor um pouco triste. Mas a coisa piora de figura quando percebemos que por lei esse salario minimo deveria prover todas essas coisas pra uma família.

Já é velho o argumento de que um salário mínimo maior poderia ter impactos extremamente negativos sobre a economia nacional. E não é que eu questione, que haja um crescimento substancial dos empregos informais, e dos contratos de prestação de serviços mascarados, e das demissões em massa. Mas acontece que com o ultimo aumento um parlamentar recebe um salario-piada de R$ 16.512,09.

Não é como se eu esperasse que um ilustre homem de terno e gravata representando o povo que o elegeu recebesse pouco, mas os salário-chiste são nada menos que 43 salários mínimos. É fácil perceber todos os contras que uma medida que eleva o salario minimo pode causar, mas é tão mais fácil legislar em propria causa. Me lembra da belíssima resposta que a secretária do Marcos Valério (o careca do mensalão(é meio triste ter que lembrar disso))não deu quando perguntaram porque ela continuou trabalahdno pra ele, sabendo que haviam irregularidades. Ela disse: "Eu tenho que pagar as contas, excelência", e nós pensamos que ela poderia ter dito: "Eu não decido o aumento do meu salário, excelência".

E piora (sempre piora). O jornal argentino (logo eles) El País, fez um levantamento dos vencimentos legais dos parlamentares brasileiros, e viram que o lixo é ainda mais fedida quando você levanta a tampa. Como se os seus salários-anetoda fossem parcos e insuficientes, nossos ilustres representantes ainda tem vencimentos para remunerar seus acessorres, para manter um escritório na base eleitoral, moradia em Brasília, passagens de avião, indenizações e indenizações. Somando algo em torno de R$97.000,00, ou seja nada menos que 255 salários mínimos. E ai passamos de piada pra pegadinha, porque pegadinha é sempre de mal gosto, e sempre alguem se fode: o pobre.




Agora a parte dos 20.
A reitoria da USP está ocupada faz não sei quantos dias. Na Unicamp o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, e a Faculdade de Educação estão em greve. "Mobilização estudantil contra os decretos inteventores de um governador tirano e autoritário". E a menina com o microfone, em frente ao bandeijão clamava pela participação nas outras unidades, que não aderir a geve significava por uma bala nas costas dos "nossos" companheiros.

Se eu pudesse colocaria duas só pra ter certeza. Qual não foi a minha felicidade quando um corinho de engenheiros elétricos repetia "Burra! Burra!" quando ela terminou de falar.

Vejam bem, não é que eu acredite que tudo está lindo e maravilhoso no ensino superior público. Mas é que esses baderneiros estão fortemente desinformados, equivocados, e demandando as mudanças erradas, pra dizer o mínimo.

Eles lutam contra um decreto do Serra, que reduz a verba repassada pras universidades públicas. Que decreto é esse? Podem procurar ele não existe. Lutam (e esse deve ser o verbo favorito deles)também pela autonomia da universidade, então abnegam a determinação que sujeita as instiuição de ensino superior a uma nova secretaria. Se tivessem estudado um pouco mais descobririam, que por lei, a universidade é uma autarquia, e como tal ela tem que estar ligada a um ministério, ou secretaria. Por incrível que pareça, a medida é benéfica. "Ah, mas agora os reitores tem que ter seus orçamentos aprovados, isso é uma afronta à autonomia". Não é bem assim, mas se fosse seria bom também, o que acontece é que, se aprovadas as medidas que determinam a reforma, as estaduais passam a prestar contas dos seus gastos, aprensentando seus orçamentos periódicamente ao Estado, através dessa nova secretária. Esses orçamentos não precisam ser aprovados, afinal de contas trata se de uma autarquia. O intuito final é transparência. O Supremo Tribunal Federal está submetido às mesmas regra, é no mínimo tolo pensar na universidade como algo tão divino que deva estar isenta dessas responsabilidades para coma sociedade.

Então não, não aderirei, não me chame de companheiro. Sua paranóia anti-opressão-capitalista, conjugada com o impeto baderneiro-grevista-depredador-de-reitorias, o fez cego para os problemas verdadeiros. E esses são bem mais complexos de se expor, e dificeis de tratar, mas como muito bem disse o chucro monitor de sistemas mecâncios: "Se você quer coisa fácil, vira hippie".



E sabe o que?
Tudo isso junta pra ser argumento de que eu gostaria que os milicentes voltassem ao poder. Não porque eu acredito na prevalência da força para impor moralidade à política, talvez isso desse certo pra resolver alguns problemas sérios com entraves eleitorais. Mas não, nada disso, sob um regime militar eu poderia ser indiciado com crime de opinião (por me reunir com meus pares em praça pública, por exemplo),e como recompensa eu seria exilado em qualquer outro país.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu acho engraçado como o brasileiro é todo paradoxal quando se trata de política, paradoxal em excesso e sem ao menos perceber. Eles querem transparencia de um lado mas querem que a faculdade não preste contas pra ninguém, só pra ela e pronto. Ao mesmo tempo eles querem que alguns prédios sejam reformados. Porra, se com a faculdade decidindo o que se faz com o dinheiro já tem vários prédios destruídos, porque não organizar com uma opiniãozinha externa? Bah. Os caras acham que o estado vai dominar, virar o godzilla e comer as criancinhas da faculdade de educação se a universidade for mais transparente. Simata.

Aliás, você escreve muito bonito, já falei né? Te amo. Também por isso :} :*