junho 10, 2007

Alone again or...
Autoritarismos, totalitarismos, otaritarismos

Um bom tempo atrás, quando se instituiram nas universidades as cotas de vagas para minorias, eu comecei a escrever um post. Por que eu resolvi desenterrar esse tópico agora? Porque cotas pra pessoas diferenciadas pela concetração de melanina nas suas peles, e uma parada do orgulho homossexual são coisas muito parecidas. Há quem diga que as duas podem ser agrupadas como "ações afrimativas", mas eu não tomaria esse caminho, essa denominação tem uma forte implicação contextual dos EUA no século passado. Como tradição eu não terminei aquele post, e nem me desvencilhei da metalinguagem.

O que eu enxergo de semelhante nesses dois fatos, aparentemente distintos, são motivações tolerantes que convergem num significado subjacentemente autoritário. Quer dizer, o infeliz que idealizou as tais cotas para negros, pardos e índios ( e acabou por incluir alunos de escola pública) nunca quis dizer que negros, pardos e índios são menos capazes que outras pessoas, mas disse. E não só disse como deu peso de lei. Pr'aqueles que já (estupidamente) não simpatizavam com concetrações de melanina diferentes das suas, os cotistas estão tomando, sem mérito, as vagas de quem muito se esforçou mas não recebeu o benefício. Pergunta de quem não tem nada contra negros: onde foi parar o pétreo direito à igualdade?

De maneira semelhante, a parada gay tem como objetivo formal integrar a população paulista com a sua comunidade homossexual, numa tentativa de mitigar os preconceitos. Mas uma análise crítica mostra algumas discrepâncias. Uma multidão toma as principais avenidas de São Paulo, num verdadeiro carnaval fora de época. Não só é uma forma de ostracizar os apáticos em casa, mas de trazer os aparentemente indiferentes pra participar de uma coisa que acontece uma vez por mês, uma verdadeira festa do bizarro. E não bizarro num sentido pejorativo, mas bizarro pela extrema distância que tem ao cotidiano do paulistano médio. Isto é, só serve pra mostrar como o homossexual é diferente, e pode ter certeza, que muitos dos "simpatizantes" que estão lá participando da balada, vão execrar suas filhos e filhas quando estes tiverem parceiros do mesmo gênero.

Basta. Acho que isso conclui mais um capítulo de como se fazem as coisas erradas nesta triste periferia do mundo.