maio 18, 2004

"Niti já dizia: "O Eterno Retorno""
Mas até aí o Cerulli bem observou: "Niezstche era um bosta!"

Nem todo mundo que eu queria ver estava lá, e nem todos que estavam eu conhecia. Mas mesmo assim foi excelente encontro do pessoal lá na casa da Inês. Muito classudo devo observar, vinho, charutos, pizza, pipoca queimada e se dependesse da Mira ainda teriamos queijos, mas faltou quorum.

Falando em faltou, faltaram JuK, Tomaz, Mag, Warren, Jul, Chapei, Carol e Pablo. Tenho saudades de vocês meus caros, mas não posso evitar dizer que vocês perderam uma ótima noite.

[Edit] OPUS DEI, eu tenho medo.
[Edit^2] Tenho mais medo, deu pau pra fazer o primeiro edit

maio 10, 2004

Went to the Sack
Ou de como o Destino Manifesto babou o entendimento internacional

Estava eu pensando a respeito do mito da Torre de Babel quando me deparei com a primeira notícia a respeito da tortura nas prisões estado-unidenses no Iraque ocupado. Não pude conter um "how ironic!".

A Torre de Babel seria uma maravilha dos tempos imemóreis, quando todos os homens eram ainda um só povo, construida para alcançar Deus em seu sagrado trono. Por sua insolência a presunção o Todo poderoso pune os homens a entrarem em eterno desentendimento, dando origem as diversas línguas e culturas do nosso planeta. Pensava sobre isso quando ouvia uma música de Zeca Baleiro, mais específicamente um sincrético verso que diz:
"Todos somos filhos de Deus
Só não falamos as mesmas línguas
Everybody is filho de God
Só não falamos as mesmas línguas
Everybody is filho de Gandhi
Só não falamos as mesmas línguas"


Agora imagino, será que é possível convencer um estado-unidense disso? De certo existem um punhado de pessoas muito esclarecidas e razoáveis, até por lá, que com certeza conhecem e estão familiarizados com o conceito. Mas eu penso e o WASP, o Redneck, a cheerleader, o capitão do time de football, a stripper, o caminhoeiro, emfim o average joe, os indivíduos que compoem a massa americana.

Na base da mais poderosa nação do planeta, essas pessoas desenvolveram um sentimento, quase uma precognição, "fundamentada" não só em sound victories mas em uma ostensiva cultura maniqueísta que sempre os coloca como os bonzinhos. Destino Manifesto, esse foi o nome que se deu a essa insandice, Deus está do lado dos americanos o povo superior, e predestinado a dominar o mundo em seu nome, e ainda a usufruir dele como bem entender, afinal de contas eles são a manifestação terrena da vontade do Senhor.

Agora, é unanimidade internacional, que eles foram além da conta nessa parte do "usufruir". Fotos de tortura em quase todo jornal do mundo. E os mais atentos perceberam, poucas fotos foram mostradas duas vezes, ou seja foram tiradas muitas fotos. Será que nunca passou pela cabeça dos soldados que aquelas "brincadeiras" não fossem muito bem vistas pelos seus superiores? Eles sorriem e fazem positivos pra camera.

Aí vem um Rush Limbaugh, radialista de direita da terra do Uncle Sam, e compara o tratamento dado aos prisineiros de guerra ao trote que os calouros levam ao entrar na universidade. Não vou entrar na polêmica do trote, mas o que eu levei apareceu na folha como sendo ultrajantemente violento, e não incluiu espancamentos, choques elétricos, cabos de vassoura em orifícios ingratos, pirâmides de homens nus.... E alguem se lembra do tratado internacional que fala dos prisioneiros de guerra?
Pra completar o que o já começou muito mal ele ainda diz: "Essas pessoas, que são alvo de tiros todos os dias, têm o direito de se descontrair um pouco". Me recuso a comentar.

E como se fosse pouco um Terry Rosenbaum, PhD. em história, tenta bancar o Yoda com o seguinte discurso: "Os Estados Unidos da América são a maior nação guerreira do Séc. XXI, e pela própria natureza a guerra endurece os homens, mexe com suas cabeças, durante a guerra o homem descarregar todo o stress de sua existência como não poderia num ambiente social normal". o senhor Rosenbaum está certo em dizer que os EUA são a maior nação guerreira, é assim desde a Segunda Guerra Mundial, mas não é a guerra que altera e perverte a cabeça dos marines. Desde a implosão da economia da União Soviética, não existe nenhum adversário a altura, desde a guerra da Koréia os Deltas,os Seals e todas as tropas são movidas apenas para consumar massacres, como hediondos rituais macabros.

Isso que os soldados fizeram não é mero escape do "stress da existência", nem mesmo uma forma excêntrica de descontração. Isso se chama crueldade. E é um tipo de crueldade que está autorizada por uma moral. A mesma moral que ignora as decisões da ONU, que inventou armas de destruição em massa onde não existiam.... Como bem já observou o rato em post passados isso é um problema de valores.

Me lembro então da famigerada faixa que apareceu na Vila Madalena uns tempos atrás "Você que matou nosso Dink. Você consegue dormir a noite? Não teme à Deus? (sic)". O homem que envenenou o dink eu não sei, agora os soldados estados-unidenses não temem a Deus, e devem dormir muito bem a noite com uma sensaçào de dever cumprido.

Só fico pensando quem garante que as mesmas coisas, ou quem sabe ainda piores, não estão acontecendo nas bases militares em Cuba e no Afeganistão? O império romano das américas ainda está lá, lembra?

RudeGuy ouve Bad Religion- American Jesus
"In god
we trust
because he's one of us
"

maio 02, 2004

Mercadoria

Tudo começou na quarta-feira em meio a um laboratório de química (sempre ela). Manipulando substâncias bem perigosas pra fazer coisas bastante simples, eu e meu grupo queriamos saber qual a utilidade daquilo, aquecer sais diversos pra produzir chamas coloridas. Foi então que o afamado assistente de laboratório, Joselito (sim, este é o nome dele), veio esclarecer nossas curiosidades: além de produzir as cores no fogos de artifícos, o mesmo príncipio que permtia aquelas corzinhas bonitinhas tinha uma aplicação médica, nobre no mínimo, cura do câncer.

Não é exagero, nem sensacionalismo. Com um processo relativamente simples e indolor (posso explicar a quem interessar), pode se eliminar um tumor maligno em muito pouco tempo, com o único inconveniente de ter de ficar uma semana em abrigo total da luz. Todos irão concordar que é um preço pequeno comparado com os efeitos colaterais de uma químio ou rádio-terapia. E ainda por cima apresenta uma vantagem assustadora, só é necessária uma aplicação para todas as células cancerígenas.

O processo já existe há vários anos na América do Norte e na Europa, mas ele, o Joselito, em sua tese de mestrado é o primeiro a tratar do assunto no Brasil. E já entristece a perspectiva de que necessitando um grande investimento, só quem pode viabilizar o tratamento aqui são os grandes laboratórios farmacêuticos, os mesmo que produzem as drogas usadas nos tratamentos de químio. Que individualmente são mais baratas, mas são necessárias em quantidades muito maiores. Conclusão as chances desse tratamento realmente existir tendem a zero, porque os gigantes laboratórios não vão abrir mão dos carrísimos tratamentos tradicionais em prol de um esquema que elimina o problema rapidamente junto com uma fonte substâncial de sua renda.

O que mais me intristece é que muitos desses laboratórios já compraram patentes dos compostos que podem ser usados nesse tratamento, com o único objetivo que não sejam usados. Olha, não quero ficar criticando "os modos perversos do capitalismo", eu sei que isso não leva a nada e que é uma grande bobagem, mas o que temos aqui é uma situação extrema, desumana. No meu ver isso vai além de uma discussão de modelos econômicos, é uma questão de ética, moral até.

Não acho que estamos, enquanto humanidade, perdidos. Mas no momento que sofrimento vira mercadoria, algo está muito errado.