abril 22, 2009

What if every living soul could be upright and strong?
Well then I do imagine...


Os vídeos de Susan Boyle, ultrapassam, com folga, 100 milhões de visitas. Susan, uma senhora inglesa de 47 anos, está desempregada, afrima morar apenas com seu gato Peebles e nunca ter sido beijada. Ela também canta, muito bem.

Mas o número surpreendente de 'espectadores' não se deve a sua qualidade lírica. Não exclusivamente pelo menos. Susan aparece humildemente, ela só quer cantar uma vez para um 'grande' público. A rejeição já é tão certa pra ela, que nem espera o comentário dos jurados quando termina seu ato, e vai retornando seu rumo de pessoa invisível.

Podia dizer que é um resgate da ascenção napoleônica (de plebeu a imperador). Ou, sendo um pouco pessimista, que Susan é o equivalente britânico de Macabéia (de A Hora da Estrela). Mas não. São numerosas as histórias de ascenções meteóricas e já não causam tanto espanto (lula, alguém?). A segunda alternativa também não parece muito precisa, mesmo que ela não ganhe. O que não me surpreenderia nada, conhecendo a estupidez humana.

O vídeo dessa senhora não é um estouro porque é um tapa na cara do cinismo. É, isso sim, um soco muito bem dado. Daqueles que arranca todos os dentes da frente. Um soco que todos nós estamos tomando, porque sabemos que silenciosamente condenamos essa mulher antes dela subir no palco, e nos vimos terrivelmente errados.

Somos criaturas muito visuais, e como tal confiamos talvez um pouco demais em apenas um sentido. Somos também criaturas (moderadamente) espertas, e usamos dessa nossa fraqueza para implantar nos nossos subconscientes necessidade por coisas inúteis. Nosso culto a imagem e ao consumo, nos distorceu moralmente. Somos pequenos monstrinhos apontando os defeitos uns dos outros, sem ímpeto pra ser(ou mesmo ver) nada melhor que isso.

O conto da senhora Boyle emociona por que expoe isso em nós. Mas também porque nos dá esperança de um dia termos a oportunidade de mostrar mais do que a aparência.