maio 21, 2008

William and the Morbid Blog
....

E depois de tudo isso, não é que me ameaçaram de morte?

maio 19, 2008

Reticências
sabe, três pontinhos?

Só pra deixar claro, não quis, no último post, soar como um sovina-classe-mérdia-alta-metido-a-cidadão-de-bem que acha que pobre é ladrão. Quis fazer uso da linguagem chauvinista pra criticar essa posição vazia que não vê o problema, e não se atreve a esboçar alguma idéia de solução que não incorra em assitencialismo.

Enfim....

Esses tem sido dias bem difíceis. Tá bem foda ser um pouco mais que um espectro esquálido encarando o canto da sala. Já racionalizei. A dor é em grande conta fruto do egoísmo, seja de ter perdido a pessoa ou de não ter dado todo o carinho que a pessoa merecia. Mas é tolice acreditar que isso minora a dor. Ou se de fato o faz o efeito tem sido desprezível.

Nem porisso abandono a auto-crítica, e posto uns trecinhos auto-críticos de uma música (outra?!).



there's a boy in crimson rags with a grimace and a spoon, and a little sullen girl face-up staring at the moon
and there's no one around to hear their lonesome cries
then they pass away alone into the night

why do we pity the dead?
are you churned by emotion from voices in your head?
look at all the living and you'll ask yourself why
oh why do we
pity the dead?

well, you've seen the disease, suffering and decay,
and you whisper to yourself blissfully "it's okay"
and you still refuse the possibility
that the dead are better off than we

why do we pity the dead?
are you scared of the logic that swirls within your head?
look at all the living and you'll ask yourself why
oh why do we
pity the dead?
pity the dead

tell me what you see, tell me what you know
is there anyone who lives a painless life?
if there is show me so
the destitute and famished, demonic and the
banished, dejected and the ostracized, the
brainwashed and the paralyzed, the conquered
and objectified, the few who see the other side
tell me what you see! It's a mortal wretched cacophony

(let's go)

in the end you may find there's no guiding subtle light,
no ancestors or friends, no judge of wrong or right
just eternal silence and dormancy
and a final everlasting peace

why do we pity the dead?
are you churned by emotion from voices in your head?
look at all the living and you'll ask yourself why
oh why do we
pity the dead?
(why do we)
pity the dead?
(why do we)
pity the dead?
(why do we)
pity the dead!

maio 16, 2008

Indigestão Social
aborígenes, morte e nazistas

Na manhã desta quinta feira morreu o professor Wellington Branco. Não era muito proximo, nunca tive aulas com ele, mas sei bem como ele foi importante pra equipe da guerra de robos. Sei que era uma pessoa extremamente acessível, sempre muito disposto a dar as suas opiniões e ajudar com aquilo que não era trivial pros outros.

A morte é provavelmente a única coisa que podemos ter certeza sobre a vida. O que me incomoda é que o Branco não foi atropelado por um playboy bêbado. Ele também não tinha alguma doença crônica que se agravou. Não foi nem mesmo um ataque cardíaco fulminante. Ele recebeu duas peças de chumbo que se moviam a algumas centenas de metros por segundo. Uma pessoa matou ele. Intencionalmente.

Estou certo de que muita gente se sente revoltada. Querem vingança, como quiseram fazer com as próprias mãos no caso da menina morta pelo pai e a madastra. Um amigo disse que não nutrisse esse tipo de sentimento, pois provavelmente os bandidos morreriam logo, ou acabariam virando mulherzinhas em algum presidio boca de brejo.

Na realidade não é a brutalidade criminosa que me tira o sono. O fato é que vivemos numa sociedade pretensamente civilizada. Mas essa proposição, de viver nessa utopia que nós chamamos de civilização é tão hipócrita que nós permitimos que uma coisa dessa aconteça. Faço a seguir uma humilde tentativa de equacionar a merda que estamos fazendo à margem da nossa "tão linda" sociedade:

Existe uma parcela (que não é nada pequena) da sociedade que vive em estado de calamidade, que não tem acesso a infra-estrutura básica, não tem educação de qualidade (grande parte passa quinze anos no ensino público e sai analfabeto funcional). Não tendo uma "formação diferenciada", o indíviduo desse grupo tem que se humilhar nos trabalhos mais ingratos, e aceitar por eles um saláio miséria (e se não aceitar vão ter que sair, porque alguem vai aceitar). Assim o ciclo se realiementa, porque não vai poder dar pros seus filhos a oportunidade de serem educados decentemente.

Convenhamos, não estou falando de nenhuma novidade aqui. Nessas condições é tão difícil mesmo entender porque uma pessoa desiste de levar uma vida honesta, pega uma arma e em 1 hora ganha mais do que ganharia em um ano de trabalho? Para os mais chauvinistas, coloquem na ponta do lápis, mesmo com o risco (que convenhamos é apenas moderado) de se terminar na prisão, ou morto, é um "investimento muito interessante dado o perfil do investidor".

Como podemos mudar isso? Não pretendo ter uma resposta, e não pretendo discutir prós e contras de políticas diversas. O que quero dizer sobre isso é que nossa "maravilhosa civilização" do alto de sua hipocrisia egoísta tem muito pouca vontade de mudar isso. E não é questão de o que um ou muitos podem fazer...

Tem um filme da propaganda nazista que se chama o Triunfo da Vontade. Acredito que esse seja um título exageradamente adequado. Não há dúvidas que Hitler foi um depravado que catalisou o toda a frustração Alemã de ter perdido a guerra, e ter imposta sobre si um monte de pesadas sanções que estavam levando o país ao colapso. Mas o ponto é exatamente esse, só existiu um "império do mal"(como nós gostamos de pensar, pra nos afastar desse horror), porque as pessoas daquele país, naquele momento queriam que aquilo acontecesse.

Por que será tão fácil querer o mal pros outros?