abril 28, 2008

Vida de Consumo
um dia de cada vez
uma barra de serotonina de cada vez


Quando era pequeno achava ter a resposta de uma questão que achava ser de fundamental importância pro mundo. E achava que essa resposta me daria o mundo. "Por que os adultos não conseguem se criativos como as crianças?". "Porque se preocupam demais com perguntas sem resposta". Mal sabia o filósofo infante que saber que a preocupação é exagerada pouco ajuda em eleminá-la.

Sim, esse é mais um daqueles posts desiludidos. Mas meu amigo religioso me disse que escrever é também exorcisar, e de certa forma ele está certo. E não seria isso um propósito?

Já manifestei que não tenho grandes expectativas de um futuro promissor em termos de trabalho. Pelo menos não nesse país. E por promissor não quero simplesmente dizer economicamente interessante, não é uma questão só de ganhar bem, nem de honrar o sacrifício de uma formação insalubre, nem de ter tempo pra mim e minhas coisas, nem de ter que conviver com outras pessoas de índoles variaveis. E podia citar mais um monte de coisas, mas a verdade é que isso tudo entra numa (estupidamente complexa) matriz hamiltoniana de otimização que é simplesmente muito desanimadora com os parâmetros que estabeleci.

O desmistificar das coisas ainda me é um pouco estranho. E irremediavelmente remete à essas questões sem resposta. Podia discutir qual é o sentido da vida, ou de onde viemos, pra onde vamos, qual é a resposta pro universo, a vida e todas as outras coisas. Mas a verdade é que isso não levaria a lugar algum.... de certo não aqui. Confesso, entretanto, que optei por respostas que não convivem bem com o orgulho humano das tradicionais doutrinas do ocidente. Quer dizer, somos mesmo tão diferentes de abutres brigando por uns pedaços de gordura queimada?

De qualquer forma, uma das respostas pelas quais optei diz que viemos de uma nada mística reação química exageradamente complexa. O que me leva dizer, desconstruindo nossa sociedade consumista, que acreditamos tão complexa e evoluída, nada fez além de criar formas complicadas, complexas e desprezívies de se elevar os níveis de serotonina.

E no fim o que quer dizer tudo isso? Que em última análise, exorcizar pode ser sim um propósito, mas no fundo só quero aumentar meus niveis de serotonina.

4 comentários:

Anônimo disse...

em muitos "momentos" eu vejo o mundo como uma adaptação nonsense pra forjar um objetivo de vida falsamente criado.

Aulas de balé, faculdade, diploma, compras idiotas, competicoes em níveis imbecilóides, um titulo socialmente bem aceito. Às vezes eu quase tenho certeza (?) de que aquela coisa de sociedade do espetáculo é a mais pura verdade.

Faça uma expansao de Taylor.

Anônimo disse...

as coisas pra mim só fazem sentido quando eu as sinto. sentido, sentir, entende? e eu só sinto quando eu escrevo. por isso eu botei no kind: "sentido por patrix".

tenho tentado ultimamente sentir coisas que eu não consigo escrever, mas é tão difícil! tão difícil que eu ainda preciso escrever.

e não importa como vamos ganhar dinheiro. precisamos só de algum dinheiro. o sentido das coisas é mais importante.

Anônimo disse...

é justamente essa demonstração da labilidade de nossos estados mentais e como tudo é químico que me faz afirmar de peito cheio: life is overrated.

wolvie disse...

os fins justificam os meios? ;]

eu sempre acho curioso como é mais dificil nao se importar do que se importar.. é quase ironico.. melhor.. sarcastico..

the things u own end up owning u