novembro 19, 2008

Ignomínia
Make a joke and I will sigh
and you will laugh and I will cry


Tenho uma memória muito estranha de algum lugar entre 1994 e 1995. Lembro de assistir, tarde da noite, numa tv de 14 polegadas sem controle remoto, um pedaço da transmissão de um festival. Era o Phillips Monsters of Rock. Lembro ser moderadamente preconceituoso contra o estilo, como se fosse alguma cosia que os caras maus (representados primariamente pelos Bullies dos filmes da sessão da tarde) ouvissem.

Por outro lado estava gostando do que ouvia e do que via (mal). Até que uma certa hora, na apresentação de uma banda (que tem chances de ser o Iron Maiden), eu vi uma coisa que deixou os cabelos da minha nuca em pé. Uma figura meio gente meio monstro, extremamente musculosa, descia do palco. Na pista ele escolheu uma garota de maneira (aparentemente) aleatória, e conta a vontade da moça, ele a conduz a palco.

Lá em cima, ela é presa a uma geringonça de aparência gótica com duas navalhas brilhantes armadas na região dos pulsos. Então vem o guitarrista, e acionando os pedais daquela máquina macabra, remove as mãos da menina. O sangue jorra forte. Ele toca a próxima música usando-as junto com as suas, como se ensinasse alguém a manipular a guitarra. Terminada a música ele, volta a menina desesperada, repete o procedimento, e suas mãos estão no lugar de novo.

Provavelmente era uma ilusão já combinada, e a menina era uma atriz. Mas me impressionou pra caralho.

-/-/-

Mudando de pato pra ganso.

Só queria comentar que a acostumamos a falar através de citações, é verdade. Talvez por reverência, em reconhecimento da nossa própria falência, de saber que nada do que a gente diz é de fato original. Mas não acredito nisso. Na reverência do ser humano, quero dizer.

Acredito, que fazemos tantas referências por causa de uma coisa que se convencionou chamar de argumento de autoridade. É mais ou menos assim: olha o argumento lógico é tão ruim que nem eu acreditaria, mas tem essas pessoas famosas que acreditam nele. Ou pior, tem esse grupo muito grande de ilustres desconhecidos que crêem nisso. Não é apenas um complexo de inferioridade, é um conceito de superioridade. Ousaria dizer que é um desdobramento moderno do comportamento de matilha. Uma necessidade de fazer parte de um grupo para estar seguro...

Aproeito o ensejo para fazer mais uma citação:

"Um bilhão de moscas não podem estar erradas, coma merda você também"

2 comentários:

Anônimo disse...

mas às vezes a citação serve também como referência de uma situação que ilustra um ponto. se a outra pessoa entende sua referência, sintetiza muita coisa. acho útil.

exemplo:
"a ironia é uma das formas mais refinadas de crítica" T. Paolielo

:D

Vinicius disse...

citações economizam tempo e pensamento, prefiro. é como aproveitar o processo de elaboração de pensamento de outrém.