setembro 24, 2003

Tough not too Epic

Então meu amigo franciscano(ele não é monge apenas estudante de direito) voltou da Rússia, e nos mostrou os cartões postais, as fotos incríveis e mais legal que tudo isso duas fardas do exército vermelho. Simplesmente sensacional. Muito interessante como cada coisa que ele mostrava trazia junto de si um pedacinho da história da Rússia: Cada torre da catedral representa uma religião; O lugar onde um fulano morreu defendendo o Czarismo; O forte que num sei quem se refugio da revolução; as estações de metrô que eram arbigos anti-bombas; o mausoleo de Lênin e Stálin, que virou só de Lênin po demanda popular; A praça que foi palco de combate armado contra os alemães, e por aí vai

Isso me deixou muito pensativo: porque a história do Brasil tem que ser tão sem graça? Quer dizer nunca aconteceu nada de muito épico na nossa história, mais ainda antes da nova república. Acho que os únicos episódios remarcáveis(repare no anglicismo sem vergonha) envolvem o presidente Vargas e um revólver, primeiro ele de pijama dando tiro de 38 nos UDNistas que tentavam tomar o poder, anos mais tarde tomando a própria vida no palácio de governo. E não me venham falar dos 18 do forte, aquilo foi romântico e estúpido, pretendidamente épico, mas não o foi nem de longe.

Mas é lugar comum que Getúlio Dorneles Vargas era um homem muito diferente dos seus compatriotas. O Brasil foi o país que não lutou por sua independência, comprou-a (da mesma forma que me sugerem comprar minha carta); nas poucas guerras que se envolveu teve participação minguada, sem ilustres figuras ou grandes glórias. Característicamente é o nosso o país do "jeitinho". O país onde o esforço e o sacrífico são os parelelepípedos do caminho dos trouxas, e ser um trouxa é pior do que ser pobre. O país onde toda ação permeia um mar de segundas intenções mesquinhas, avarentas e ambiciosas. O país onde a palavra, nem do homem mais importante, nada vale. O país onde as leis existem pra serem comprada. O país onde não se tem paciência, onde todos já nasceram sabendo tudo que lhes é necessário. O país que não preza a humildade, repleto de pequenos poderes a cada esquina, sustentados por uma interminável e inintendível burocracia. O país mais individualista, em que a idéia de nacionalismo é apenas um sinônimo de militarismo. Isso tudo sem entrar nos detalhes de Brasil, páis da mediocredade.

O nosso hino, já tanto aclamado como sendo o mais belo pelos estrangeiros, é senão uma grande mentira, uma gigantesca falácia mastrubativa parnasiana. Nossa bandeira, pior ainda, é uma bela piada de mau gosto: Traz escrita nela duas entidades que aqui nunca existiram (ordem e progresso, e dúvido que um dia existirão); E claro as cores bandeiras: representam as matas que sempre destruímos, o ouro que foi todo levado embora e a água (legal a água, duh) ou o céu estrelado que não aparece aqui em São Paulo. Mas acho que não existe nada mais irônico(e representativo de tudo que eu já disse) do que as cores da nossa bandeira sejam as mesmas cores das Armas(brasão) de Dom Pedro I, rei de Portugal.

Pelo próprio tom em que escrevo dá pra ver que não me sinto nem um pouco confortável com tudo isso, e que definitivamente não me identifico com nada do mesmo. O problema é que amanhã é dia de jurar lealdade a esse país, diante da nossa horrosa bandeira repertir palavras idiotas com votos falsos de serviço. Amanhã serei um expatriado mentindo.

Não é a toa que quero tanto ir para o velho mundo.

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